Debates, audiovisual, livros e performance artística: o que rolou no Seminário Abre Alas 05/03/2018

Memória, diversidade e infância. Esses foram os eixos discutidos durante os três dias do “Seminário Abre Alas”, realizado de 1º a 3 de março no Centro de Dança do DF. O evento marcou o início da programação do Centro após sua reabertura, ocorrida no último dia 28 de fevereiro. Além de mesas-redondas e debates, o Seminário também teve em sua programação lançamentos de livros, mostra de videodança e a instalação coreográfica “Biblioteca de Dança”.

O primeiro dia do seminário discutiu Dança e Memória, e contou com a participação na mesa de Denise Stutz (RJ), Lenora Lobo (DF) e Thereza Rocha (CE), com mediação de Leonardo França (BA). Para Thereza Rocha, é muito importante discutir a memória na dança porque “o corpo pode ser protagonista do entendimento de uma memória não apenas como memorialista, mas como motor, como futuro, que é o que o seminário propôs”. Ela reforça que não existe, na arte, prática sem conceito. “Quando fazemos iniciativas como essa, tiramos o conceito da invisibilidade e trazemos para a mesa de discussão. É muito importante para os artistas, para a formação de plateia, para os artistas se reverem em suas próprias práticas”.

Diversidade foi o tema do segundo dia, que reuniu ao redor da plateia Edu O. (BA), Fabiana Balduíno (DF), Raphael Balduzzi (DF) e Vânia Oliveira (BA), tendo Jorge Alencar (BA) como mediador. Segundo Vânia Oliveira, discutir diversidade é necessário para que as pessoas possam se reconhecer no universo da dança. “É importante para que o nosso fazer seja mais diretivo, que reconheçamos no outro competências, conhecimentos, e que a gente possa construir um caldeirão de uma dança diversa e, ao mesmo tempo, própria”, destaca. Ela avalia que a ausência de discussão sobre a diversidade na dança acaba homogeneizando os corpos. “Precisamos reconhecer essa diversidade que temos e trazer isso para discussão”, conclui.

No sábado, último dia, foi a vez de falar sobre Dança e Infância. Fernanda Bertoncello Boff (RS), uma das participantes, defende que a dança deve começar a ser pensada já pelas crianças. “Devemos ir além do que já é consolidado e inserir as crianças como protagonistas desse processo”, conta. Ela elogiou a reabertura do Centro de Dança do DF. “É um espaço incrível e que, com certeza, vai alavancar a promoção de encontros que unam mais a classe”. Além de Fernanda, a mesa-redonda contou com a participação de Carlos Laredo (DF), Georgia Lengos (SP) e Susana Prado (DF).

Após as mesas, foram apresentados cases locais relacionados aos temas de cada dia. Participaram da programação do “DF em Pauta”: Juliana Castro, Yara de Cunto, Joceline Gomes, Raphael Tursi, Nityama Macrini e Coletivo Antônia juntamente com Rita Castro.

Além do debate – Ao final da programação reflexiva, foi hora de fruir de criações do universo da dança. A mostra de videodança fez um panorama da produção recente de realizadores do Distrito Federal nos três dias, com um programa que reuniu 10 obras: “21 terras – O Nascimento”, de Soraia Silva; “Amandinha”, de Olivia Orthof e Rafael Alves; “Borboleta-Maçã-Borboleta”, de Olivia Orthof; “Cora”, de Vann Porath; “Corpo em obra”, de Larissa Ferreira; “De Deleuze a Chapeuzinho”, de Rafael Alves; “FLERTiches”, de Luísa Günther; “Iza e Elisa, as ex-virgens que valiam bois”, de Micheline Santiago; “Retina”, de Laura Virgínia; e “São Sebastião”, de Margaridas.

No mesmo horário, também nos três dias, a performance “Biblioteca de Dança” encantou o público com uma nova perspectiva sobre as artes do corpo, a partir de “contações dançantes de história”. Fruto de residências artísticas na Alemanha, Sérvia, Espanha e Brasil, a obra tem direção de Neto Machado e Jorge Alencar e foi remontada em Brasília com cinco artistas da dança do DF: Fabiana Balduíno, Giovane Aguiar, Luciana Lara, Márcia Duarte e Monica Berardinelli. Como livros vivos, eles conversaram com o público, corpo a corpo, compartilhando coreografias que marcaram suas vidas, reunindo ficção, história, teoria e poesia.

O seminário também contou com lançamentos de livros durante os três dias: “O que é dança contemporânea?”, de Thereza Rocha (CE); “Os Destinos de Judite”, de Edu O. (BA); e “Pequenices: dança, corpo e educação”, de Fernanda Bertoncello Boff (RS).

Os visitantes conferiram, ainda, exposição fotográfica “A história que se dança”, uma mostra com cerca de 30 fotos de artistas e grupos que vêm construindo a cena da dança do DF, com curadoria de Marconi Valadares e Yara de Cunto. A exposição estará aberta à visitação até junho.